domingo, 3 de julho de 2011

Sociedade de Thule

Acreditava-se que Thule teria sido o centro mágico de uma civilização desaparecida. Muitos ocultistas alemães acreditavam que nem todos os segredos de Thule haviam perecido. Criaturas intermediárias entre o Homem e outros seres inteligentes do além colocariam à disposição dos Iniciados, ou seja, os membros da Sociedade Thule uma série de forças que podiam ser reunidas para tornar possível que a Alemanha dominasse o mundo... Seus líderes seriam homens que sabem tudo, obtendo sua força da própria fonte de energia e guiados pelos Grandiosos do Mundo Antigo. Era sobre esses mitos que a doutrina ariana de Eckardt e Rosenberg se fundamentava e que esses profetas... instilaram na mente receptiva de Hitler. A Sociedade de Thule logo se tornaria um instrumento na transformação da própria natureza da realidade. Sob a influência de Karl Haushofer, o grupo assumiu sua verdadeira característica como uma sociedade de Iniciados em comunhão com o Invisível e se tornou o centro mágico do movimento nazista.
Haushofer era membro do Pavilhão Luminoso, uma sociedade secreta budista no Japão, e
da Sociedade Thule. Haushofer certamente veio a conhecer em 1905, e a versão que René Guénon apresentou em seu livro, Le Roi du Monde, após o cataclismo de Gobi, os lordes e mestres desse grande centro de civilização, os Oniscientes, os filhos das Inteligências do Além, levaram sua vasta morada para o assentamento subterrâneo sob o Himalaia. Ali, no coração dessas cavernas, eles se dividiram em dois grupos, um que seguia o “Caminho da Mão Direita”, e outro que seguia o “Caminho da Mão Esquerda”. Os primeiros concentravam-se em Agartha, um local de meditação, uma cidade oculta de bondade, um templo de não-participação nos assuntos deste mundo. Os outros se dirigiram a Shamballah, uma cidade de violência e poder, cujas forças comandam os elementos e as massas da humanidade e apressam a chegada da raça humana no “momento decisivo do tempo”.
Assim, foi mais como um iniciado da teocracia oriental que como um geopolítico que Haushofer supostamente proclamou a Hitler a necessidade de “retornar às origens” da raça humana na Ásia Central. Ele estava, portanto, defendendo a conquista nazista do Turquistão, Pamir, Gobi e Tibet para assegurar o acesso da Alemanha a esses centros ocultos de poder do Oriente.

Essa imagem sensacionalista da Sociedade Thule e de seus membros era bem real. Hitler teria comparecido secretamente a várias reuniões da Sociedade Thule. Seu fundador, Rudolf von Sebottendorff, certamente mantinha pelo interesse no oculto, um diário detalhado de suas reuniões regulares de 1918 a 1925 mantido por seu secretário, Johannes Henng, menciona inúmeras palestras sobre esses tópicos. Crescendo em importância como um grupo ocultista por trás do Partido Nazista, a Sociedade Thule era politicamente poderosa em 1920 e iniciou suas atividades de forma completamente secreta em 1925. Durante seu apogeu, a Sociedade Thule era definida por sua ideologia nacionalista e anti-semita e um corpo de membros da classe média alta, e classe alta de Munique.
Em 1939 sai uma expedição da SS, liderada por Ernst Schãfer, teria ido ao Tibet com o expresso propósito de estabelecer uma conexão de rádio entre o Terceiro Reich e os lamas, e estabelecer uma conexão e uma colônia na Alemanha de Monges Tibetanos ligados a Tradição Bön-Po.
Walter Johannes Stein (1891-1957), um judeu vienense que havia emigrado da Alemanha para a Grã-Bretanha em 1933, a quem falsamente atribuiu a mais fantástica história de inspiração demoníaca de Hitler. Antes do estabelecimento do Terceiro Reich, Stein ensinava na Escola Waldorf em Stuttgart, que era dirigida segundo os princípios antroposóficos de Rudolf Steiner. Durante sua época nessa escola, Stein escreveu um livro versado e curioso, Weltgeschichte im Lichte des Heiligen Gral (1928), que dava uma interpretação espiritual da história e sua realização cristã baseada na lenda do Santo Graal. Em particular, Stein argumentou que romance do Graal de Wolfram von Eschenbach, Percival (cerca de 1200), baseava-se no cenário histórico do século IX, e os personagens fabulosos do épico correspondiam a pessoas reais, que viveram durante o Império carolíngio. Por exemplo, o Rei do Graal, Anfortas, foi apontado como Carlos, o Calvo, neto de Carlos Magno; Cundrie, a feiticeira e mensageira do Graal, seria Ricilda, a Má; o próprio Percival foi considerado como sendo Luitward de Verceili, o chanceler da corte franca; e Klingsor, o mago maligno e dono do Castelo das Maravilhas, foi identificado como Landulf II Cápua, um homem de reputação sinistra devido ao seu pacto com os poderes pagãos do Islã, na Sicília, então ocupada pelos árabes. A batalha entre cavaleiros cristãos e seus malignos adversários foi compreendida como uma alegoria de sua duradoura luta pela posse da Lança Sagrada, a Lança de Longino que teria perfurado o dorso de Cristo durante a crucificação. Com base nesse possível contato com Stein e o conhecimento de obra, Ravenscroft desenvolveu sua própria história oculta do nazismo, e a obsessão de Hitler com os mistérios do Graal e a Lança Longino. Em A Lança do Destino, Ravenscroft descreveu como o jovem estudante Stein havia descoberto uma cópia gasta, de segunda mão. Percival, de Eschenbach, em uma livraria ocultista no velho bairro de Viena, em agosto de 1912. Esse volume continha muitos rabiscos manuscritos como comentários do texto que interpretavam o épico do Graal como testes de iniciação em uma jornada de obtenção de consciência transcendental. Essa interpretação era apoiada por muitas citações, na mesma letra, de religiões orientais, de alquimia, de astrologia e de misticismo. Stein também notou que uma forte temática de ódio anti-semita e fanatismo racial pan-alemão impregnavam todo o comentário. O nome escrito no lado de dentro da capa do livro indicava que seu dono anterior era um tal de Adolf Hitler.
Com a curiosidade a respeito desses rabiscos despertada, Stein supostamente voltou à livraria e perguntou ao proprietário se poderia lhe dizer qualquer coisa sobre esse Adolf Hitler. Ernst Pretzsche informou a Stein que o jovem Hitler era um estudante assíduo do oculto e lhe deu seu endereço. Stein procurou por Hitler. Ao longo de seus freqüentes encontros no final de 1912 e início de 1913, Stein aprendeu que Hitler acreditava que a Lança de Longino concederia ao seu dono poder ilimitado para o bem ou para o mal. A sucessão de donos anteriores supostamente incluía Constantino, o Grande; Carlos Martel; Henrique, o Caçador de Aves; Oto, o Grande, e os imperadores Hohenstauffen. Como propriedade da dinastia de Habsburg desde a dissolução do Sacro Império Romano Germânico em 1806, a Lança Sagrada agora estava exposta na Casa do Tesouro dos Hofburg, em Viena. Hitler estava determinado a adquirir a lança para garantir o sucesso de sua própria tentativa de dominação mundial. Hitler acelerou seu desenvolvimento no ocultismo pelo uso de Peiote e da Chacrona, um alucinógeno que Pretzsche lhe teria fornecido após ter trabalhado no México, até 1892, como assistente de um apotecário, na colônia alemã na Cidade do México.
O conhecimento de Hitler sobre os romances do Graal e da Lança de Longino poderia ser facilmente atribuído ao seu ardente entusiasmo pelas óperas de Richard Wagner (1813-83), a quem idolatrava como o maior intérprete do espírito popular germânico. O Graal e seus cavaleiros desempenhavam um papel central em Lohengrin (1850), que Hitler vira pela primeira vez aos doze anos em Linz e novamente mais dez vezes durante sua época em Viena, entre 1907 e 1913. Parsifal (1882), o último trabalho de Wagner e o único a envolver a Lança, baseava-se na história do Graal de Eschenbach, mas fundia o simbolismo cristão original com a mística do sangue do mito racial ariano. Nessa ópera, Parsifal (ou Percival) era o campeão casto dos homens arianos, o único que poderia recuperar a lança sagrada, que penetrara o dorso de Cristo, e assim preservar o Graal, o talismã da raça alemã. (continua ...)

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